A conjuntura econômica
brasileira, nesta semana, apresenta-se como um palco de contradições, onde a
narrativa do "crescimento" tenta obscurecer as sombras persistentes
da desigualdade. Os indicadores, embora apontem para um tímido avanço, revelam
a fragilidade de um modelo que perpetua a concentração de renda e a exclusão
social. Nesse cenário, o governo Lula, em um esforço hercúleo, busca reverter
os danos causados por anos de políticas neoliberais e ataques sistemáticos aos
direitos dos trabalhadores e das camadas mais vulneráveis da população.
Os
"destaques" da semana, alardeados por alguns setores da mídia,
incluem um leve arrefecimento da inflação, com o IPCA de abril registrando 0,38%, conforme noticiado pelo Valor Econômico
(15/05/2025). Paralelamente, o Estadão (14/05/2025) celebrou o
crescimento de 0,2% do PIB no primeiro trimestre
deste ano. No entanto, essa leitura superficial ignora a profundidade das
cicatrizes deixadas por um período de desmonte do Estado e de priorização de um
mercado selvagem. Os dados do IBGE (PNAD Contínua, abril/2025) insistem em
mostrar uma taxa de desocupação de 7,9%, um
contingente enorme de brasileiros ainda à margem do mercado de trabalho formal.
E o índice de Gini, teimosamente elevado, escancara que a pequena parcela de
crescimento não chega à maioria da população.
Essa miragem de
recuperação econômica, insuflada por uma imprensa que muitas vezes ecoa os
interesses do capital, negligencia o fato de que o Brasil ainda patina em um
modelo primário-exportador, vulnerável às oscilações globais e distante de uma
industrialização que gere empregos de qualidade e renda para todos. Essa é a
lógica perversa de um capitalismo que prioriza o lucro a curto prazo em
detrimento do desenvolvimento social e ambiental sustentável.
Não bastasse o legado
de um capitalismo excludente, o país ainda sente os efeitos nocivos da passagem
da extrema direita pelo poder. O desmantelamento de políticas públicas nas
áreas da saúde, educação e assistência social, a precarização das relações de
trabalho e o ataque aos direitos humanos legaram um rastro de sofrimento e
aprofundaram as desigualdades. Como bem apontou uma reportagem recente da Folha
de S.Paulo (12/05/2025) sobre o aumento da insegurança alimentar nas
periferias, os mais pobres foram os mais afetados pelas políticas de
austeridade cega e pelo negacionismo social da gestão anterior.
Diante desse quadro
sombrio, o governo Lula tem empreendido esforços significativos para reverter
essa trajetória. O relançamento de programas sociais como o Bolsa Família, com
condicionalidades importantes para a saúde e a educação, o aumento do salário
mínimo e as iniciativas para fortalecer a agricultura familiar e a economia
popular solidária são passos importantes nessa direção. O próprio presidente
Lula tem reiterado em seus discursos, como noticiou a CNN Brasil
(16/05/2025) em sua cobertura sobre os encontros com centrais sindicais, o
compromisso de reconstruir um Brasil com mais oportunidades e justiça social
para os trabalhadores.
Contudo, a tarefa é
árdua e enfrenta resistências. A herança de um projeto de dominação
imperialista, que historicamente nos relegou ao papel de fornecedores de
matérias-primas e mercado consumidor, ainda se faz sentir nas pressões por
reformas que atendem mais aos interesses do capital estrangeiro do que às
necessidades da população brasileira. A luta por uma soberania econômica real e
por um projeto de desenvolvimento autônomo é, portanto, central.
A análise da
conjuntura nos exige um olhar crítico e atento. Não podemos nos contentar com a
maquiagem dos números que tentam esconder a persistência da desigualdade e os
desafios colossais para a reconstrução de um país mais justo. O esforço do
governo Lula em resgatar os excluídos e em pavimentar um caminho de
desenvolvimento mais equitativo merece reconhecimento, mas a vigilância e a
pressão social são imprescindíveis para que as mudanças sejam profundas e
duradouras.
Referências:
O ESTADO DE S.
PAULO. PIB cresce 0,2% no 1º trimestre, aponta IBGE. São Paulo, 14 de
maio de 2025. Disponível em:
VALOR ECONÔMICO. IPCA
desacelera para 0,38% em abril, menor taxa para o mês desde 2020. São
Paulo, 15 de maio de 2025. Disponível em: